quarta-feira, 18 de março de 2009

Patologia - Aula 5 Microscopia + Estudo de caso clínico

Lâmina 4 (Esteatose Hepática)




A esteatose se caracteriza pelos vacúolos grandes e arredondados no citoplasma dos hepatócitos, que deslocam o núcleo para a periferia. Os vacúolos têm limites muito nítidos porque a gordura neutra (triglicérides) não se mistura com o citoplasma aquoso.



Lâmina 57 (Lipidose)




Lâmina 62 (Doença de Gaucher)



Imagem escaneada da lâmina de baço na doença de Gaucher. Notar a área proporcionalmente grande de polpa vermelha, que tem cor rósea.



POLPA VERMELHA: contém macrófagos de citoplasma róseo muito volumoso, que armazenam cerebrósides, um tipo de esfingolípide. A doença de Gaucher é uma esfingolipidose, condicionada por um gene autossômico recessivo. O tipo mais comum ocorre em adultos e leva a grande hepatoesplenomegalia, por acúmulo de esfingolípides em macrófagos por falta da enzima glicocerebrosidase. Por causa do acúmulo, os macrófagos ficam parecendo células epiteliais, e o volume da polpa vermelha fica muito maior que o normal, sobrepujando grandemente a polpa branca.

Lâmina 06 (Amiloidose hepática)

Lâmina 08 (Quelóide)




Vemos aqui um fragmento de pele exibindo intensa fibrose, a qual clinicamente é denominada de quelóide.

Lâmina 80 (Elastose Solar)





Aspectos microscópicos:
  • Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado com atrofia;
  • Possui um discreto infiltrado crônico de células inflamatórias subjacente ao epitélio displásico;
  • Presença de alteração basofílica, acelular e amorfa (elastose solar) no tecido conjuntivo.

Evolução:

  • É resultado da exposição excessiva ou por longo período ao componente ultravioleta da radiação solar.




nterpretação clínica
  • Mulher de 65 anos, casada, mãe de 4 filhos, internada na enfermaria de clínica médica para investigação diagnóstica de dor abdominal difusa e descontrole de diabetes. Está em companhamento de diabetes mellitus, arritmia cardíaca e hipercolesterolemia, sob uso de amiodarona, sinvastatina, insulina e hipoglicemiante orais há 5 anos. Nega uso de outros medicamentos, bebidas alcoólicas e fumo.
  • Ao exame físico, altura de 156 cm e peso de 98 kg, pressão arterial de 135/85 e hemodinamicamente estável com pulmões limpos e abdome volumoso, circunferência abdominal de 110 cm. Varizes salientes em ambas as pernas. Refere que sempre foi obesa, assim como toda família materna.
  • Os estudo laboratoriais mostraram: AST, 99U/l; ALT, 72 U/l; gama-glutamiltransferase (gama GT), 345 U/l; amilasemia de 25 mg/dl. Teste sorológicos para hepatite, toxoplasmose e mononucleose normais.
  • Ecografia abdominal fígado aumento de tamanho e textura sugestiva de esteotose hepática.
  • Foi realizada biópsia hepática que mostrou esteatose, balonização dos hepatócitos, corpúsculos de Mallory, infiltrado celular de polimorfonucleares e necrose de hepatócitos.

Como explicar o quadro hepático?

O quadro histopatológico da esteatohepatite não alcoólica é semelhante da hepatite alcoólica, podendo ser encontrado os corpúsculo de Mallory*, até algum tempo considerado patognomônico da hepatite alcoólica , podendo evoluir para fibrose e eventualmente cirrose, porém sem a etiologia do consumo de bebidas alcoólicas.

O que tem observado é um forte associação desta alteração hepática com a obesidade, diabetes mellitus, hiperlipemia (hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia), nutrição parenteral total, desnutrição grave, dietas ricas em proteínas para perda de peso e o uso de alguns medicamentos (ex.amiodarona). Em aproximadamente 40% dos pacientes com esteatohepatite não alcoólica nós não encontramos nenhuma das causas anteriores para explicar seu aparecimento.

Cincoenta por cento dos obesos têm estatose hepática diagnósticada através das biópsias, porém nem todos já tem o quadro de esteatohepatite. A patogênese da doença hepática ainda é obscura, embora alguns observações apontam para uma desordem subjacente de sensibilidade insulínica dos hepatócitos.

A apresentada no caso tem vários motivos para a esteatohepatite não alcoólica (obesidade, diabetes, hipercolesterolemia e amiodarona). O tratamento visa diminuir o peso e retirar os fatores de risco, trocando os medicamentos.

* Os corpúsculos de Mallory, ou corpúsculos hialinos alcoólicos são encontrados no interior dos hepatócitos sob forma de condensações grosseiras de material filamentar, eosinófilas, próximas ao núcleo da célula, que muitas vezes é circundada por leucócitos polimorfonucleares.


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