quarta-feira, 18 de março de 2009

Patologia - Aula 5 (Acúmulos anormais intracelulares de lípides)


Esteatose



Fígado Normal



ESTEATOSE:
  • Sinonímia:

    • Metamorfose gordurosa, deposição ou transformação gordurosa, "degeneração e infiltração gordurosa", adipose degenerativa, lipofanerose e lipose celular.

  • Conceito:

    • Acúmulo anormal reversível de lípides no citoplasma de células parenquimatosas (principalmente de túbulos renais, hepatócitos, e fibras do miocárdio - células que normalmente metabolizam muita gordura) onde normalmente lípides não seriam evidenciados histologicamente, formando vacúolos (pequenos e múltiplos ou único e volumoso) em conseqüência de desequilíbrios na síntese, utilização ou mobilização.


      • Características macroscópicas:
a. As modificações no volume e coloração do órgão afetado dependerão da causa da esteatose e da quantidade de lípide acumulado.

b. Geralmente ocorre aumento de volume, alteração da consistência (órgão mais pastoso), aumento da friabilidade e amarelamento, além da presença de gorduras emulsionadas na faca ao corte.

c. No fígado: aumento de volume e peso (as vezes de 1,5 para 3 a 6 Kg, no ser humano) com bordas abauladas e consistência amolecida, coloração amarelada, superfície externa lisa e brilhante, e superfície de corte untuosa, sem marcação lobular.

d. No coração: afeta principalmente os músculos papilares, determinando o aparecimento de listas amareladas ("tipo coração tigrado") quando focal. Todo amarelado e flácido quando difusa.

e. Nos rins: aumento de volume, palidez e amarelamento.

  • Características microscópicas:

    a. Ocorre vacuolização citoplasmática que deve ser diferenciada da Degeneração hidrópica - vacuolar e da Infiltração glicogênica através de colorações especiais.

    b. Nos hepatócitos: Vacúolos pequenos e múltiplos (fase mais precoce) que podem se coalescer formando um único e volumoso, deslocando o núcleo para a periferia ("Célula em anel de sinete"), as vezes levando inclusive à ruptura celular formando os "Cistos gordurosos". Quando afetando a região periportal e justasinusoidal, não tem significado ou está associado à tóxicos; quando periacinar ("centrolobular") decorre geralmente de hipóxia e quando panlobular é causada principalmente pela diabete canina e acetonemia bovina.

    c. No epitélio dos túbulos renais (basalmente) e nas fibras do miocárdio (entre miofibrilas): geralmente pequenos e múltiplos.

    d. No processamento de rotina (e utilizando-se de HE), o álcool e o xilol dissolvem os lípides tornando o lipossomo um vacúolo vazio (espaço claro = imagem negativa do lípide).

    e. A esteatose é quase sempre precedida de Tumefação celular e as vezes ocorre simultaneamente com essa e com necrose.

  • Características ultraestruturais:

    "Lipossomos" = pequenos grânulos densos, as vezes em contato com o RE, que podem se coalescer formando "lipossomos gigantes".


Metabolismo normal da gordura no fígado


Os Ácidos Graxos chegam ao fígado via plasmática tendo como origem:

1. triglicérides dos depósitos de gordura
2. quilomícrons vindos do intestino

Mecanismos de degeneração gordurosa


Deficiência de proteínas pelo Retículo Endoplasmático Rugoso:
�� Deficiência de lipoproteínas

Deficiência de substância lipotróficas:
Metionina, Inositol, Colina, vit. B12 e Ácido Fólico

Por hipóxia e diminuição na produção de ATP
  • Etiopatogenia:


    a. Esteatose miocardíaca: Intoxicações, leucemias, anemia aplástica, difteria, etc...

    b. Esteatose renal: Hiperlipemias, intoxicações principalmente por tetracloreto de carbono (Cl4C) e plantas tóxicas.

    c. Esteatose Hepática [a mais estudada]:

    • Interferência com a dispersão micelar das gorduras intracitoplasmáticas: (discutível, JONES & HUNT, 1983).

    Por Deficiência de fosfolípides e/ou de proteínas: por destruição enzimática (ex: fosfolipase do Clostridium welchii) ou por intoxicação (CL4C).

    Por deficiência de aminoácidos lipotróficos (metionina, inositol, colina, propriotenina, vitamina B12 e ácido fólico): que determinarão diminuição da síntese de fosfolipídeos e aumento da esterificação de ácidos graxos em triglicérides.

    Por hipóxia, deficiência protéica na dieta, ou por excesso de colesterol e gorduras na dieta.

    • Aumento quantitativo da gordura intracelular sem aumento correspondente de fosfolípides e proteínas:

      Por aumento da síntese lipídica a partir de acetatos ou pela esterificação dos ácidos graxos em triglicérides por ação dos alfa glicerofosfatos.

      Por aumento do aporte de lípides nas dietas hiperlipemicas ou por mobilização excessiva de lípides do tecido adiposo ( corticoidoterapia. intoxicação alcóolica, inanição, dietas policarenciais ["Kwashiokor"] e doenças consumptivas (Tbc, Ca, etc...).

    • Na intoxicação pelo álcool ocorre uma exacerbação da esterificação da alfaglicerolfosfato em triglicerídeos.

    • Bloqueio na utilização de lípides:

      Por interferência na conversão de ácidos graxos em fosfolipídeos (na deficiência de aminoácidos lipotróficos e/ou síntese de proteína aceptora de lípides ["Apoproteína"] como conseqüência do desacoplamento ribossômico no RE [nas intoxicações por toxinas, Cl4C, P, Puromicina, Etionina, Tetraciclina, etc...)

      Por bloqueio na utilização e oxidação de lípides por interferência com co-fatores essenciais para a oxidação de ácidos graxos de cadeia longa [Carnitidina favorece a penetração de ácidos graxos nas mitocôndrias, onde ocorre a oxidação][Toxina diftérica e fitotoxinas].

      Por bloqueio na união lípide - apoproteína ou na secreção de lipoproteínas do hepatócito [ácido orótico].

    Fisiopatogenia

    Por diversos motivos ( ver tabela abaixo ) pode haver um acumulo excessivo de gordura. A principio, isso não acarretaria maiores problemas. Mas, por algum mecanismo ainda desconhecido, o organismo desencadeia uma inflamação contra os hepatócitos, que são gradualmente destruídos. Dependendo da intensidade desta destruição, isso pode superar a capacidade de regeneração e levar a perda de hepatócitos, que são substituídos por fibrose ( cicatriz ). Com a progressão da fibrose, e possível que se desenvolva cirrose franca com todas as suas complicações.

  • As síndromes gordurosas do fígado incluem, portanto, um amplo espectro de lesões, desde a simples esteatose, passando por esteatose + inflamação ( esteato-hepatite ), esteatose + inflamação + degeneração de hepatócitos, esteatose + inflamação + fibrose até a cirrose.



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Aterosclerose

http://www.ccs.ufsc.br/~mimeurer/Aterosclerose_Odonto.pdf

b. Xantomatose:


Colesterol e ácidos graxos nos histiócitos formando nódulos ou placas no tecido subcutâneo e tendões.


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